No hero in her sky.

Por algum motivo cármico, as portas que têm surgido na minha vida se fecham com a mesma rapidez que se abriram. Mas eu não estou com pressa, tenho me divertido em ver cada detalhe das diferentes madeiras, cada ponto que mais brilha das maçanetas. Inexplicavelmente calma diante de tudo que aconteceu e está acontecendo, me sinto andando sobre um lago congelado, sem o doce dessa vez [vide esse post,senão não faz sentido.]. As coisas continuam as mesmas, mas tudo está diferente. Não sei como isso é possível, mas é assim que tenho me sentido. Tudo igual mas tudo essencialmente diferente.
Quero meu doce de volta, aquele lá atrás do balcão.



~ A mulher bêbada falava sozinha no balcão sujo do bar.Eu não estava exatamente próxima,mas podia ouvir com clareza cada palavra que ela dizia.
"Eu fico pensando na pessoa que eu costumava ser e na vida que eu costumava chamar de minha. Olho pra ela, pra minha vida, e ela tá lá, deitada no chão com as pernas dormentes. Eu tento catá-la com as mãos, mas assim que eu a toco... ela se quebra, se parte em duas. Daí eu tento mais uma vez, e outra, e outra. E a minha vida, ou o que era pra ser minha vida, ou o que sobrou dela, sei lá, agora está toda quebrada, partida em vários pedaços disformes. Eu me abaixo, tento organizar tudo de novo, mas tá tudo uma bagunça, nada se encaixa. E então eu percebo... percebo que as coisas nunca serão as mesmas novamente e que eu jamais vou conseguir pregar as peças no lugar. Percebo que aquilo que eu fui vai continuar no passado, e que eu preciso me remontar. As coisas nunca serão as mesmas, preciso me reiventar, me remontar, criar um novo padrão, uma nova seqüência para as partes que estão ali jogadas no chão. [suspirou e então cantarolou] : 'Logo agora que eu parei,parei de te esperar,de enfeitar nosso barraco,de pendurar meus enfeites te fazer o café fraco.Parei!De pegar o carro correndo,de ligar só prá você,de entender sua família e te compreender...Hoje eu sozinha...'
Agora, eu sinto que as pernas da minha vida estão começando a deixar a dormência de lado. Ela continua lá, toda moída em pedacinhos, mas pelo menos as pernas estão dispostas a retomar sua função. exausta. Exausta de construir e demolir fantasias, como diria Caio Fernando.Exausta."
Saí do bar com um gosto acre na boca. Tive medo de olhar pro chão e ver ali minha vida. Olhei então pro céu. ~


Pra deixar esse devaneio completo, é preciso reler esse post. Quem quiser, claro.

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

2 Comments:

ImaGINE said...

Amo a música título do post
Bom, as vezes as coisas n voltam, tenho propriedade pra dzr isso, mas naturalmente, as coisas vão se reorganizando, e a gente acaba descobrindo outros mundos pelas frestas das portas fechadas.
Tudo vai dar certo
te amo


beejos

Roberta said...

Você escreve lindamente. Diria para escrever com mais freqüência se não soubesse que palavras com essa cadência quase perfeita precisam de sentimento e dedicação, não apenas tempo.

Parabéns pelo blog.
Roberta

 
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