Então, ela mudou. Não que o jeito antigo de viver os caminhos e as fazendas fosse errado ou ruim, mas é que a gente, em algum momento, sente que precisa se permitir mudar, abrir as portas da mente e do coração para novas formas de viver. É bom.
O fato é que a gente é acostumado a se olhar muito pouco. Sabe, aquele olhar sem julgamentos e principalmente despojado de qualquer expectativa, apenas o olhar que capta o que realmente estamos sentindo, o que realmente estamos querendo naquele momento. A gente se acostuma a ir pegando os fragmentos das coisas, os pedaços dos sentimentos e ir amarrando num ideal que acreditamos ser o que devemos seguir e perseguir ad infinitum. Às vezes funciona.
Mas tem vezes que a gente se lança no meio maré, fica à mercê do movimento das ondas, indo para onde elas estão nos jogando. Não se atenta sobre a temperatura da água, se está quente, morna, fria, aconchegante ou hostil. Não se atenta se está raso, a ponto de ser perigoso raspar os joelhos no fundo a qualquer movimento, ou se está fundo a ponto de perigar não ser possível retornar para a margem. Simplesmente não nos deixamos à disposição para ler as situações, ler nosso corpo, nossa mente e nosso coração. E vamos indo, subindo e descendo nas ondas, pro raso e pro fundo.
A verdade é que causa incômodo, sabe. Pensar sobre velhos hábitos, refutar a imagem encrustada que a gente tem de si. Perceber que tem coisa ruim na gente, coisa errada. E que tem coisa boa também, mas que vai dar um certo trabalho pra deixar nascer, florescer. A gente muda, e ponto. Por que é tão difícil de aceitar isso? Não que não exista nada mais ou menos estável em quem somos, longe disso. Mas a vida tá aí colocando uma centena de novas informações e possibilidades a cada levantar e descer do sol, coisas que ignoramos por estarmos cegos. Nos falta auto consciência.
Então, a menina que apreciava mais o montar o ninho, aprontava a fazenda com pressa e punha tudo para funcionar como se tudo que importasse era que ali fosse assentar moradia até os fins dos tempos aprendeu que o caminho pode ser igualmente interessante.
Aprendeu que há diversas formas de se trilhar o caminho, e que nenhuma é melhor ou mais importante do que a outra, todas tem sua beleza. E, talvez o mais importante, aprendeu que chegar na fazenda não significa o fim do caminho, agora ela vai e vem, ora na fazenda, ora apreciando as belezas do caminho. Ambos não se dão mais por finalizados, estão em constante mudança e crescimento.
Aprendeu que há diversas formas de se trilhar o caminho, e que nenhuma é melhor ou mais importante do que a outra, todas tem sua beleza. E, talvez o mais importante, aprendeu que chegar na fazenda não significa o fim do caminho, agora ela vai e vem, ora na fazenda, ora apreciando as belezas do caminho. Ambos não se dão mais por finalizados, estão em constante mudança e crescimento.
O amor é sutil demais. É extremamente mutável, capaz de se apresentar de infinitas formas. Nossa falta de tato, nossa falta de consciência pessoal, mutilam o sentimento à medida em que fechamos os olhos para essas nuances. De novo, o tal do ideal encrustado, rígido. Imposto. Por quem? Não importa.
Que entremos na maré sabendo que estamos entrando. Que façamos o caminho ou a fazenda sem nos fecharmos em nada. Que amemos.